quarta-feira, 9 de novembro de 2011

GÊNERO: UMA QUESTÃO CONSTRUÍDA CULTURALMENTE

          O Estágio Supervisionado III está todo baseado na questão da separação de gênero durante as aulas de educação física. Segundo Scott apud Sousa (1999) gênero é entendido como a construção social que uma dada cultura estabelece ou elege em relação a homens e mulheres, ou um elemento constitutivo das relações sociais fundadas sobre as diferenças percebidas entre os sexos, que “fornece um meio de decodificar o significado e de compreender as complexas conexões entre várias formas de interação humana”.

         Ainda de acordo com Souza (1999) o gênero, ao enfatizar o caráter fundamentalmente social das divisões baseadas no sexo, possibilita perceber as representações e apresentações das diferenças sexuais. Destaca, ainda, que imbricadas às diferenças biológicas existentes entre homens e mulheres estão outras social e culturalmente construídas. Essa separação não acontece apenas nas escolas, ela perpassa os muros da sociedade, e essa questão começa a ser desenvolvida em nossas casas, pelos próprios pais, pois para eles meninos e meninas possuem atividades diferentes, cada qual fazendo o seu.

         Podemos notar também a questão dos brinquedos. Desde pequenos somos condicionados e influenciados a termos certos brinquedos, por exemplo, meninas ganham bonecas e meninos bolas ou carrinhos, assim as diferenças começam a ser construídas desde cedo. Segundo Sousa e Altmann (1999) [...] o gênero é uma categoria relacional, há de se pensar sua articulação com outras categorias durante aulas de educação física, porque gênero, idade, força e habilidade formam um “emaranhado de exclusões” vivido por meninas e meninos na escola.

           Ainda de acordo com essas autoras não se pode concluir que as meninas são excluídas de jogos apenas por questões de gênero, pois o critério de exclusão não é exatamente o fato de elas serem mulheres, mas por serem consideradas mais fracas e menos habilidosas que seus colegas ou mesmo que outras colegas. Ademais, meninas não são as únicas excluídas, pois os meninos mais novos e os considerados fracos ou maus jogadores freqüentam bancos de reserva durante aulas e recreios, e em quadra recebem a bola com menor freqüência até mesmo do que algumas meninas.

            Essa questão também foi abordada pelos alunos nos debates realizados durante nossa intervenção, onde levamos alguns textos falando sobre a separação de gênero e dança na educação física escolar. Os meninos sempre batiam na mesma tecla, dizendo que as meninas tem que fazer as aulas separadamente, pois elas não possuem habilidades que eles julgam necessário, não sabem jogar futebol e dessa forma não dá para jogar juntos. Por sua vez as meninas reclamam que na maioria das vezes os meninos utilizam uma força desproporcional, e assim podem machucá-las.

           Segundo Venturini et al. (2010) “desde tempos remotos meninos e meninas têm educação diferente. E neste processo educativo, os meninos correm, lutam, jogam enquanto as meninas também fazem tudo isto, mas em menor volume e intensidade, ficando mais por conta de atividades caseiras como brincar de boneca, casinha, etc.

           A educação física escolar é vista como uma excelente estratégia para que meninos e meninas se interajam e pratiquem juntas as modalidades esportivas, lúdicas, de cultura corporal, dentre outras, mas o que vimos é o atual despreparo dos professores em lidar com estas situações onde poderiam fazer com que os gêneros trabalhassem juntos nas aulas de educação física, fato este que raramente acontece.

          Enquanto os meninos jogam futebol na grande parte das aulas, as meninas jogam queimadas. Não restam dúvidas que a fisiologia masculina e feminina é diferente, fato este que nas atividades de força os meninos são beneficiados enquanto que as meninas apresentam maiores níveis de flexibilidade. Mas estes fatos não são tão importantes nas primeiras fases da infância, pois só começam a se destacar com o início da puberdade.Ao nosso ver o que falta são professores que tenham comprometimento, pois através do nosso estágio percebemos que aproximar meninos e meninas é possível, basta ter força de vontade.




3 comentários:

  1. As diferenças de generos tem que ser quebradas com a ajuda dos professores, e nós da área de Educação Física temos um grande papel com relação as desigualdades de gênero que se encontram em praticamente todas as escolas. A nossa visão tem que ser além do que ja somos e mostrar para os alunos isso dando a informação e o suporte para que eles próprios sejam sujeitos críticos e construtivos de opinião.

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  2. Realmente é uma questão cultural que foi construida ao longo de muito... muito.. muito.. tempo, e que demandará muita mais tempo para ser desconstruido e que não cabe apenas a educação física, mas ser tratada transversalmente por todos no constituição escolar e ser um trabalho de ligação e exercicio a longo prazo.

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  3. A proposta durante a intervenção no Estágio Supervisionado III de voces foi interessante em trabalhar questões relacionadas à separação de gênero durante as aulas de educação física.
    pois como disseram no decorrer do trabalho, essas culturas ja vem criada desde muito cedo,de csa melhor dizendo, e temos que acabar com certos preconceitos a esse respeito.parabens

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